Comunicado sobre o conflito e crise humanitária no Levante

Estamos chocadas com os horrores e as notícias que nos chegam do Médio Oriente. Prevendo que em qualquer conflito quem mais sofre são as pessoas especialmente vulneráveis e vulnerabilizadas, a situação das mulheres grávidas, bebés e crianças da região preocupa-nos especialmente.

Sabendo-se que os massacres perpetrados pelo Hamas em solo israelita no passado dia 7 de outubro desferiram particular violência sobre a autonomia e integridade sexual e reprodutiva das mulheres, assassinando famílias, incluindo bebés e crianças; condenamos igualmente a forma como a contraofensiva israelita sobre Gaza tem atingido civis, assassinando e deixando desassistidas grávidas, parturientes, bebés e crianças, e todos os que necessitam de cuidados continuados. Segundo os dados da UNFPA – Agência de Saúde Sexual e Reprodutiva das Nações Unidas, 50.000 mulheres estão grávidas atualmente, e quase 160 darão à luz diariamente, entre o caos e a violência.

Face ao corte no fornecimento de água, eletricidade, bens essenciais e medicamentos na Faixa de Gaza desde o dia 8 de outubro, e o bloqueio da entrada de ajuda humanitária, é inevitável o agravamento da situação já precária de todos estes: bebés em neonatologia que dependem do continuado funcionamento de energia para o seu suporte básico de vida, pacientes que são forçados a evacuar sem condições de o fazer, e todos os indefesos que agora nem nos hospitais encontram um abrigo seguro. Os constantes alertas de bombardeamento em toda a região afetam também mulheres grávidas cujos partos naturais espontâneos se iniciam a qualquer momento, e que se vêm sem o mínimo de segurança ou previsibilidade para um desenrolar fisiológico, ou sem condições para a prestação de suporte que possa vir a ser necessário.

Estão em causa os direitos humanos mais elementares, como o direito à vida, o direito à integridade física, à segurança e a cuidados de saúde básicos. Estão em causa os direitos de saúde sexual e reprodutiva das mulheres, os direitos na gravidez e no parto. A APDMGP sublinha que todas as pessoas têm o direito a viver — e nascer — livres de violência, opressão, em paz e em segurança.
Para impedir o agravamento de uma situação já insustentável, a APDMGP apela ao cessar-fogo imediato, pedindo que chegue ajuda humanitária urgente a grávidas, parturientes, bebés e crianças. Manifestamos ainda a nossa solidariedade com todas as vítimas do conflito.

Impotentes perante estes acontecimentos, em homenagem às vítimas, vamos organizar uma vigília online. No dia 1 de novembro de 2023, junta-te a nós e acende uma vela de onde quer que estejas no Mundo.