Encerramento da maternidade privada da Clínica de Santo António da Reboleira.
A maternidade do grupo Lusíadas, na CLISA, irá encerrar no final de fevereiro 2022. A APDMGP questionou o grupo sobre algumas opções importantes para as mulheres / pessoas grávidas que procuravam este local de nascimento, numa carta, à qual foram anexadas as recomendações da Organização Mundial de Saúde; a legislação portuguesa no que toca os direitos reprodutivos, e o parecer do Concelho Nacional de Ética para as Ciências da Vida relativamente ao destino da placenta.
Abaixo, a nosso comunicação na íntegra:
“Exmos/as Senhores/as,
Foi com enorme pesar que recebemos a notícia de que a maternidade da CLISA — Clínica de Santo António, da Reboleira, que faz parte do grupo Lusíadas, vai encerrar no final de fevereiro de 2022.
A Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto (APDMGP) tem como fim a defesa dos direitos das mulheres durante a gravidez e parto através da promoção do respeito pelos direitos humanos. Acreditamos que todas as mulheres merecem ser tratadas com respeito nos serviços de saúde materna em Portugal e que a sua dignidade, autonomia, privacidade e igualdade são inalienáveis. O nosso objectivo não é influenciar as pessoas para nenhuma filosofia em particular. É, sim, apoiá-las para que possam fazer escolhas verdadeiramente informadas, e encontrar profissionais de saúde que as apoiem nessas escolhas. O nosso trabalho parte da auscultação das necessidades das mães e pais relativamente ao acompanhamento da gravidez e parto. Nos últimos anos têm sido notáveis e crescentes os relatos positivos de parto vindos da maternidade da CLISA.
Compreendendo o plano de reorganização das unidades que integram o Grupo Lusíadas, e acreditando na vossa promessa de continuar a elevar os padrões de inovação, rigor e excelência que definem o Grupo, para dar resposta a um novo contexto da prestação de cuidados de saúde em Portugal, vimos por este meio enumerar alguns fatores muito particulares que faziam da Maternidade da CLISA local de eleição de um número crescente de mulheres e suas famílias, tanto portuguesas como estrangeiras.
As escolhas e possibilidades de que falamos, raras ainda no nosso Sistema Nacional de Saúde, eram apenas realidade na Clínica de St.º António no que toca ao sector privado, e estão alinhadas não só com as recomendações da Organização Mundial de Saúde — WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience (anexo 1) — como com a legislação portuguesa no que toca à assistência à gravidez e ao parto – Lei 110/2019 que “Estabelece os princípios, direitos e deveres aplicáveis em matéria de proteção na pré concepção, na procriação medicamente assistida, na gravidez, no parto, no nascimento e no puerpério” (Anexo 2) e com o parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida: Destino da Placenta após o Parto (anexo 3).
Por isso, perguntamos se será ainda possível às parturientes que dêem à luz nas instalações do Hospital Lusíadas em Lisboa:
– Enviar o seu Plano de Preferências de Parto, e contar com o apoio de toda a equipa para a leitura e discussão do mesmo, e o respeito pelas opções das parturientes;
– Usufruir da possibilidade de ter um segundo acompanhante durante o trabalho de parto e parto;
– Ter a possibilidade de levar para casa a sua placenta.
Estas são as principais razões pelas quais tantas famílias escolheram a CLISA para o nascimento dos seus filhos e, de acordo com inúmeros relatos recebidos pela nossa Associação e acreditamos também pelo próprio Grupo Lusíadas, o que mais as preocupa em termos de perda desta referência em humanização, na vanguarda do que é o modelo do parto humanizado.
Ficamos a aguardar ansiosamente uma resposta, e encontramo-nos disponíveis para continuarmos a dialogar convosco.
A Direção da APDMGP.