Encontrámos este texto online. Arrebatou-nos, pela sua espontaneidade, confiança e inspiração. Quem melhor para encorajar outras mulheres/casais a informarem-se e “tomarem as rédeas” da sua experiência de parto, que uma mãe que passou por isso e saiu vitoriosa? Foi com alegria que recebemos o seu consentimento para o partilhar no Blog da APDMGP.
Obrigada Filipa, pela generosidade de contar esta sua história ao Mundo. É o nosso desejo que relatos como este passem a ser a norma em Portugal. De toda a nossa equipa, muitas felicidades.
“Há uma semana atrás eu estava quase, quase a conhecer a minha filha. Tomei decisões diferentes de muita gente, contrariei muitos “sempre se fez assim”… li muito, informei-me até à exaustão. Pus procedimentos médicos em causa, mas muitas vezes pus-me a mim em causa… A sociedade faz as mulheres duvidarem de si e do seu corpo no momento mais natural das suas vidas. Por isso, tive dúvidas e medo. Senti-me insegura das decisões que estava a tomar muitas vezes. Encontrei sempre o conforto, força e confiança no olhar e nas palavras do meu marido, o meu melhor amigo e o único que podia partilhar comigo esta experiência que é dar mais vida à vida. Pus uma equipa médica de pernas para o ar até ao último momento porque não quis fazer como me diziam que “tinha de ser”. Não estive deitada, não estive cheia de fios nem ligada a aparelhos. Tive um parto ao meu ritmo, sem pressas e sem pressões. Foi um parto natural, sem analgias e sem dor. Sim, é possível! Quando sabemos o que queremos, quando temos as pessoas certas ao nosso lado, quando fazemos para que respeitem as nossas opções e decisões individuais, tudo é possível. Em 8 horas de trabalho de parto o meu marido só falou comigo três vezes. Falou comigo nos momentos certos e disse as palavras certas porque só ele me conhece tão bem: “estás a ser muito forte!”, “vais conseguir!” e “tu sabes que está quase!”, quando nas últimas contrações eu dizia que não era capaz e que a bebé nunca ia nascer. Esteve 100% presente, sempre do meu lado a garantir que eu tinha o ambiente tranquilo de que precisava. Esteve em silêncio, afastou-se quando sabia que eu tinha de estar sozinha, mandou enfermeiras embora quando entravam no quarto e queriam acender as luzes e abrir as janelas. Abraçou-me, deu-me a mão apertada até ao último minuto. Eu pensava que não podia haver amor maior que este. Mas há e chama-se Maria Laura. Nasceu há uma semana e parece que sempre esteve connosco.”
~ Filipa Cachapa
~ Ilustração de Amanda Greavette